Contador, você sabe bem como funciona a amortização, exaustão e depreciação na contabilidade rural?

 

Os termos costumam gerar bastante confusão. Afinal, como identificar os bens do cliente que sofrem perda de valor e como realizar o cálculo dessas perdas? 

 

Para desmistificar o assunto de uma vez por todas, escrevemos este artigo explicando o que é amortização, exaustão e depreciação e qual é o papel dessas contas na contabilidade rural. Também para mostrar como devem ser feitos os cálculos, na prática.

 

Preparado para entender tudo sobre o assunto? Vamos lá!

 

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Afinal, o que é depreciação?

 

A depreciação nada mais é que um recurso contábil que mostra a perda de valor de um bem decorrente do seu uso, desgaste ou obsolescência. Essa subtração aplica-se aos bens tangíveis, ou seja, aqueles que possuem estrutura palpável e que integram fisicamente o patrimônio do produtor.

 

Alguns exemplos de bens tangíveis que sofrem depreciação, são:

 

  • Veículos;
  • Edificações;
  • Animais;
  • Máquinas e implementos agrícolas;
  • Estoque.

 

No caso de uma empresa rural adquirir uma colheitadeira, o contador pode usar a depreciação para manter o valor de vida útil desse bem atualizado no balanço patrimonial.

 

E quanto a amortização?

 

A amortização é a redução aplicada à perda de valor de bens intangíveis. Ou seja, aqueles que não possuem estrutura palpável, mas que integram o patrimônio do produtor e podem trazer ganhos financeiros.

 

Alguns exemplos de bens intangíveis que sofrem amortização, são:

 

  • Marcas;
  • Patentes;
  • Direitos autorais.

 

Na agropecuária, a amortização pode ser aplicada quando existe a aquisição de direitos de exploração de propriedades de terceiros ou o produtor rural possui uma marca que trabalha com a comercialização de produtos orgânicos.

 

E a exaustão, o que é?

 

a exaustão corresponde à perda de valor de recursos naturais exauríveis. Ou seja, aqueles bens naturais que se tornam esgotáveis devido à sua exploração, industrialização ou comercialização.

 

São exemplos de recursos naturais exauríveis que sofrem exaustão:

 

  • Florestas;
  • Vegetação;
  • Petróleo;
  • Carvão;
  • Gás natural;
  • Minério.

 

Se a empresa rural trabalhar com a exploração de algum desses bens, o contador deverá realizar o cálculo de exaustão anualmente.

 

Como funciona a amortização, exaustão e depreciação na contabilidade rural?

 

Existem muitos bens patrimoniais que podem sofrer amortização, exaustão e depreciação na contabilidade rural. A vida útil desses elementos pode ser afetada por diversos fatores, entre os principais: desgastes naturais, uso excessivo ou até ação da natureza.

 

Como o bem patrimonial da empresa pode ter várias particularidades, é necessário que o contador identifique primeiramente os ativos que sofrem perda de valor ao longo de sua vida útil. Em seguida, faça o levantamento das informações para coletar os dados necessários para aplicar nas fórmulas. 

 

As informações mais importantes, são:

 

  • Valor inicial do bem: valor de aquisição do bem;
  • Valor residual: valor do bem após o término de sua vida útil;
  • Vida útil: período de tempo em que o bem ou direito será utilizado;
  • Taxas: percentual a ser aplicado nos cálculos de depreciação, amortização e exaustão (se necessário).

 

Como calcular a amortização, exaustão e depreciação

 

Antes de mostrarmos os cálculos, é importante lembrar que existem diferentes metodologias para calcular a amortização, exaustão e depreciação. São eles:

 

  • Método linear: também conhecido como Método da Linha Reta, é a metodologia mais básica e considera a perda de valor do bem ao longo do tempo;
  • Método aritmético: leva em consideração não apenas a obsolescência, mas também o incremento de utilização de um ativo no início;
  • Método das taxas decrescentes: considera a depreciação, amortização e exaustão do bem em cotas decrescentes e, também, o aumento do uso nos primeiros anos de vida útil;
  • Método das taxas variáveis: considera perda de valor do bem em função do seu uso durante a vida útil e o volume de produção estimado.

 

Como são muitas metodologias, focaremos no método linear por ser mais simples. 

 

Cálculo de depreciação

 

O primeiro passo para realizar o cálculo de depreciação é verificar o Anexo I e II da Instrução Normativa SRF Nº 162, de 31 de dezembro de 1998. Nas tabelas constam informações como “NCM”, “tipo de bem”, “prazo de vida útil (anos)” e “taxa anual de depreciação”, que podem servir de norte para o contador aplicar na fórmula.

 

A fórmula para o cálculo da depreciação é a seguinte:

 

D = (VIVR)/VU

 

D= Depreciação

VI= Valor inicial ou custo de aquisição do ativo

VR= Valor residual ou de sucata

VU=  Vida Útil

 

Exemplo prático:

 

Digamos que o produtor comprou uma máquina para colheita no valor de R$200 mil. Se considerarmos as informações presentes na Tabela I de depreciação, a vida útil desse bem é de 10 anos e o seu valor residual é R$20 mil.

 

VI = 200.000

VR = 20.000 (200.000 / 10 anos)

VU= 10 anos

 

Logo, se inserirmos esses dados na fórmula de depreciação, anualmente essa máquina trará um custo adicional às despesas de:

 

DA = (200.000– 20.000)/10

DA = R$ 18.000,00

 

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Cálculo de amortização

 

A amortização trata da redução do valor dos direitos do prazo de uso de bens intangíveis. Nesse caso, se usarmos o método linear, temos a seguinte fórmula:

 

AL = VB / VU

 

AL = Amortização linear

VB = valor do bem intangível

VU = vida útil do bem intangível

 

Exemplo prático:

 

Digamos que uma indústria de suco de uva adquire o direito de explorar um parreiral por quatro anos pelo valor de R$ 254.000. 

 

VB = 254.000

VU = 4 anos

 

Na fórmula, o cálculo seria feito da seguinte forma para mensurar a amortização anual:

 

A = 254.000 / 4

A = R$ 63.500,00

 

Cálculo de exaustão

 

Suponhamos que o seu cliente tenha plantado 125.000 árvores ao custo de R$ 18.500 para vendê-las a uma indústria madeireira após sua extração. E que no mês de junho/2022, extraiu 25.500 árvores para a venda.

 

Antes de calcular o valor da exaustão, será preciso calcular a taxa dos encargos de exaustão. E para isso, o contador deve aplicar a seguinte fórmula:

 

TX = (árvores extraídas / total de árvores) X 100

 

Taxa de exaustão = (25.500 / 125.000) X 100

Taxa de exaustão  = 20,4%

 

Após descobrir a taxa, aplicamos a fórmula abaixo para descobrir o valor da exaustão:

 

Exaustão = custo total das árvores X taxa de exaustão

 

Valor da exaustão = R$ 18.500,00 X 20,4%

Valor da exaustão = R$ 3.774,00

 

Importante!

A amortização, depreciação e exaustão integram o grupo de contas redutoras. Portanto, deve-se realizar um lançamento contábil a crédito sobre o ativo imobilizado e um lançamento a débito nas contas de resultado. Exemplo:

 

D- Exaustão de recursos naturais (Despesa)

C-  Exaustão acumulada (Ativo Imobilizado)

 

Aproveite para ler também: Contabilidade rural: tudo que você precisa saber

 

E então, conseguimos ajudar a tirar suas dúvidas sobre amortização, exaustão e depreciação na contabilidade rural?

 

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Este post tem 3 comentários

  1. Antônio Lopes

    Muito bom artigo. Obrigado pelos exemplos de cálculo e a explicação sobre a forma de lançamento.

    1. AgroNota

      Obrigado pelo comentário, Antônio! Ficamos felizes em ajudar.

  2. Salvini

    Artigo muito bem elaborado. Foi muito útil para entender conceitos que normalmente não se conhece bem o significado e abrangência. Foi muito esclarecedor!!!

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