Registros contábeis da atividade rural: o que o contador precisa saber?

Fazer os registros contábeis da atividade rural é muito importante para o profissional contábil manter os valores patrimoniais em dia e de acordo com as operações financeiras do produtor. 

 

O registro contábil nada mais é que a compilação de todas as operações econômicas e financeiras de uma empresa ao longo do ano. Sendo assim, no campo do agronegócio, os registros servem para evidenciar as contas de receitas, custos e despesas relacionadas à atividade rural.

 

No campo do agronegócio, existem duas atividades que se destacam por serem preferidas pelo produtor: a atividade agrícola e a atividade pecuária. Abaixo, mostramos como você, contador, deve evidenciar os registros de cada uma delas.

 

Vamos lá?

 

 

Como fazer os registros contábeis da atividade rural

 

Separamos os dois tipos de registros para facilitar o entendimento do leitor. Confira:

 

Registros Contábeis da Atividade Agrícola

 

A atividade agrícola é uma prática que consiste em explorar o solo para produção de alimentos ou transformação da matéria-prima em produto.

 

Nessa categoria de exploração do solo, temos as culturas temporárias (que possuem curta ou média duração, e que após colhidas precisam ser replantadas) e as permanentes (que estão vinculadas ao solo e que proporcionam mais de uma colheita, como é o caso de café e maçã).

 

Na hora de fazer os registros contábeis dessas culturas, o contador deve estar atento aos seguintes critérios:

 

1. Sempre deve considerar o valor original das culturas;
2. Também levar em conta todos os custos, despesas e receitas relacionados ao ciclo operacional de cada cultura.

 

1- Custos

 

Os custos relacionados ao ciclo operacional das culturas temporárias e permanentes devem ser classificados:

 

• No Ativo Circulante, quando forem necessários para a colheita no exercício seguinte;
• No Ativo Permanente Imobilizado, quando beneficiarão mais de um exercício.

 

Os custos indiretos das culturas (aqueles que não estão incorporados diretamente ao produto, mas que interferem de alguma forma no custo de produção — aluguel de pastos, impostos e taxas da propriedade rural, manutenção e conservação de equipamentos agrícolas, entre outros) devem ser lançados aos respectivos produtos.

 

Ou seja, se o produtor rural começou a colheita de soja e precisou fazer algum reparo no equipamento agrícola durante esse processo, o custo de manutenção desse ativo precisará ser apropriado unicamente a esse produto (soja). Não englobando as outras culturas.

 

Os custos específicos de uma colheita, assim como os investimentos necessários para a sua comercialização (beneficiamento, acondicionamento, armazenagem, etc), devem ser contabilizados na conta de Estoque de Produtos Agrícolas, no Ativo Circulante. Já os custos realizados para aumentar a vida útil da cultura permanente, no caso, devem ser adicionados aos valores imobilizados, no Ativo Permanente.

 

Custos que visam melhor a qualidade do solo ou o desenvolvimento das culturas agrícolas que beneficiarão mais de uma safra (corretivos do solo, desmatamento, destocamento, entre outros), devem ser contabilizados pelo seu valor original, no Ativo Diferido, dentro do Ativo Permanente.

 

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2- Despesas

 

Diferente dos custos, que estão atrelados unicamente à produção rural, as despesas envolvem os gastos realizados fora das atividades produtivas.

 

Assim sendo, despesas pré-operacionais, como estoque inicial, compra de veículos e reformas, por exemplo, devem ser amortizadas a partir da primeira colheita. E esse mesmo tratamento deve ser dado às despesas pré-operacionais que envolvem as novas culturas.

 

A exaustão — consumo ou utilização de algo por inteiro — dos componentes do Ativo Imobilizado relativos às culturas permanentes (reparação da terra, mudas ou sementes, mão-de-obra, etc) deve ser calculada com base na expectativa de colheitas, de sua produtividade ou de sua vida útil. E isso deverá ser feito a partir da primeira colheita.

 

3- Perdas e ganhos

 

As perdas, ocasionadas por efeitos climáticos ou outros fatores que acarretaram frustração do produtor rural e no retardamento da safra agrícola, devem ser contabilizadas como despesa operacional. 

 

Já os ganhos advindos da avaliação de estoques do produto pelo valor de mercado entram na categoria das receitas, e devem ser contabilizados como receita operacional.

 

Registros Contábeis da Atividade Pecuária

 

A atividade pecuária é a prática que trata da criação de animais e do desenvolvimento de produtos de origem animal. No caso dessa atividade, é muito comum o produtor rural optar pela pecuária leiteira (responsável pela produção de leite e a fabricação de alimentos variados dessa matéria-prima) ou pela pecuária de corte (relacionada à criação de animais para abate, como bovinos e suínos).

 

Assim como na atividade agrícola, o contador também precisa fazer os registros contábeis levando em consideração o valor original dos animais usados para cria, recria ou engorda, bem como todos os custos, receitas e despesas gerados durante o ciclo de produção.

 

1- Custos

 

Na criação de animais, os produtos passam por uma série de fases que vão desde o nascimento até o abate, isso caso o produtor opte pela pecuária de corte. Por isso, nesse caso, existem alguns critérios de avaliação que precisam ser considerados pelo contador ao fazer os registros na contabilidade. São eles:

 

a) Em relação ao nascimento de animais: o custo acumulado do período (mensal, trimestral, semestral ou anual) deve ser dividido pela quantidade de animais que nasceram;

 

b) Em relação à fase de crescimento: os custos relacionados às fases de crescimento devem ser agregados ao valor original, e precisam ser contabilizados à medida que são incorridos;

 

c) Em relação aos estoques: os estoques de animais devem ser avaliados e contabilizados com base na idade e na qualidade dos animais;

 

2- Despesas

 

As despesas pré-operacionais — que foram realizadas antes da criação dos animais ou produção de seus derivados, ou que não estão diretamente atreladas ao processo produtivo —, devem ser amortizadas à medida que o ciclo operacional avança.

 

3- Perdas e ganhos

 

Caso o produtor venha a sofrer perdas na produção, decorrente da morte natural dos animais, o contador deverá contabilizar essas perdas como despesa operacional.

 

E da mesma forma que na atividade agrícola, os ganhos advindos da avaliação de estoques do produto pelo valor de mercado entram na categoria das receitas. Portanto, devem ser contabilizados como receita operacional.

 

Quando os animais destinados à reprodução ou à produção de derivados deixarem de ser utilizados para esses fins, será preciso transferir os seus valores para a conta de Estoque, no Ativo Circulante. E o valor contábil deve ser unitário.

 

Fazer os registros contábeis da atividade rural não é difícil. Exige, apenas, que o contador avalie as operações realizadas pelo produtor e contabilize-as de acordo com o plano de contas.

 

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